Depois de declarar ao UOL que está disposto a voltar o Flamengo, o técnico Jorge Jesus explicou as razões que o levaram a deixar o Benfica no final do ano passado e como o assédio de dirigentes do clube carioca interferiu em sua decisão.
Em sua participação no programa ‘Bem, Amigos’ que será exibido na próxima segunda-feira (16), o treinador também citou a alta multa da rescisão contratual com o Benfica como motivo para rejeitar as sondagens flamenguistas.
“Eu tinha uma cláusula de rescisão do meu contrato muito alta. Se [o Flamengo] quisesse [me] tirar do Benfica, tinha que pagar 10 milhões de euros. É uma cláusula que nem todos os times tinham capacidade de me tirar. Todo esse ambiente que acabei de contar, mais o fato de os dirigentes do Flamengo terem ido a Portugal e terem entrado em todos os jornais e televisões criou um ambiente muito complicado para mim”, disse Jesus.
Ele ainda explicou que após a viagem a Portugal do vice-presidente Marcos Braz e de Bruno Spindel, diretor de Futebol do Flamengo, passou a ser cobrado pela torcida do Benfica.
“Ficaram os adeptos do Benfica: “quer ir para o Brasil, vá embora”. Comecei a ter um ambiente pesado. Eu disse: ‘Marcos [Braz], mesmo que eu quisesse ir, eu não posso. Vamos ver até quando eu posso sair do Benfica, mas neste momento, eu não posso’.”
Além da pressão de torcedores, ele conta que depois do episódio passou a enfrentar resistência dos jogadores do Benfica, o que tornou a situação insustentável. No final do ano passado, decidiu conversar com o presidente do Benfica, Rui Costa, e deixar o clube. Jesus contou que o cartola ainda tentou convencê-lo a ficar.
“Tive um problema com um jogador. Eu nem estava no jogo. Contra o Porto, depois do jogo, houve um jogador que fez alguns comentários. Meus adjuntos contaram. Juntei tudo que estava a passar. [Antes] Eu tinha uma boa relação e um grande ambiente com a equipe no Benfica. Essas questões do presidente (anterior), xingarem quando a gente ganha, o Flamengo. Naquele momento eu disse: ‘não, chegou, vou embora’.”
O Benfica anunciou a rescisão com Jorge Jesus em 28 de dezembro, quase duas semanas depois da visita dos dirigentes flamenguistas a Portugal. Um dia depois, o clube rubro-negro anunciou a contratação de Paulo Sousa.