O Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta quinta-feira (4) a autoria das explosões que mataram 84 pessoas e feriram mais de 200, incluindo mulheres e crianças, em uma cerimônia ocorrida na véspera no Irã.
Em comunicado divulgado no aplicativo de mensagens Telegram, o grupo extremista disse que dois de seus membros detonaram cintos explosivos em meio à multidão que se reunia no cemitério da cidade de Kerman, no sudeste do país, para homenagear o general iraniano Qassim Suleimani, morto por um ataque com drone dos Estados Unidos em 2020.
Teerã prometeu vingança após os atentados terroristas mais sangrentos no país desde a Revolução Islâmica de 1979. “Uma retaliação muito forte será aplicada pelas mãos dos soldados de Soleimani”, disse o primeiro vice-presidente do Irã, Mohammad Mokhber. Já o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou o que chamou de “ataque terrorista covarde” e enviou suas condolências aos familiares das vítimas.
O atentado aumentou ainda mais a tensão no Oriente Médio e o risco de um alastramento regional da guerra entre Israel e seus adversários, ora focada no embate entre Tel Aviv e o grupo terrorista palestino Hamas na Faixa de Gaza. Os canais de televisão estatais iranianos mostraram multidões reunidas em dezenas de cidades, incluindo Kerman, gritando: “Morte a Israel” e “Morte à América”.
As autoridades iranianas convocaram protestos massivos para esta sexta-feira (5), quando serão realizados os funerais das vítimas das explosões, de acordo com a imprensa estatal.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, disse que as explosões foram “crimes desumanos”. A autoridade máxima do Irã, o líder supremo Ayatollah Khamenei, reiterou a promessa de vingança.
Os Estados Unidos negaram ainda na quarta (3) qualquer envolvimento no caso e disseram que também não tinham motivos para acreditar que Israel estivesse envolvido. Washington disse que as explosões pareciam representar “um ataque terrorista do tipo realizado no passado” pelo Estado Islâmico.
Teerã frequentemente acusa seus arqui-inimigos, Israel e Estados Unidos, de apoiar grupos militantes anti-Irã que realizaram ataques contra a República Islâmica no passado.
O assassinato de Soleimani pelos EUA em 3 de janeiro de 2020, em uma ofensiva no aeroporto de Bagdá, e a retaliação de Teerã —atacando duas bases militares iraquianas que abrigam tropas americanas— aproximaram Washington e Teerã de um conflito mais amplo.
Como comandante-chefe da força de elite Quds, o braço estrangeiro do Corpo da Guarda Revolucionária do Irã, Soleimani comandou operações clandestinas no exterior e foi uma figura-chave na campanha do Irã para expulsar as forças dos EUA do Oriente Médio.
As tensões entre o Irã e Israel, juntamente com seu aliado, os Estados Unidos, atingiram um novo pico com a guerra de Israel contra os terroristas do Hamas apoiados pelo Irã em Gaza, em retaliação aos atentados de de 7 de outubro em território israelense.
Rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, atacaram navios que, segundo eles, têm ligações com Israel na entrada do mar Vermelho, uma das rotas de navegação mais movimentadas do mundo.
As forças dos EUA ainda foram atacadas por extremistas que seriam apoiados pelo Irã no Iraque e na Síria por causa do apoio de Washington a Tel Aviv na guerra contra o Hamas.
Em 2022, o Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade por um ataque a um santuário xiita no Irã, que matou 15 pessoas. Ataques anteriores reivindicados pelo grupo terrorista incluem também atentados em 2017 que tiveram como alvo o Parlamento iraniano e o túmulo do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini.
Folhapress