As testemunhas do caso do artista plástico Manoel Arnaldo Filho, o Nadinho, de 61 anos, são ouvidas nesta sexta-feira (14), no Fórum Desembargador Ivan Brandão, em Candeias, na região metropolitana de Salvador, na audiência de instrução do processo criminal que denunciou os três policiais pelo homicídio de Nadinho. O artista morreu após ser baleado em uma operação da Polícia Militar, dentro de seu ateliê, na noite de 21 de abril deste ano. Na audiência, prestaram depoimento as testemunhas de acusação e de defesa, entre elas os três policiais. “A gente luta para que uma ação dessa que aconteceu com o nosso pai, não aconteça mais em Candeias. Temos direito e temos vozes”, disse a filha de Nadinho, Márcia Cristina, que também participou da audiência como testemunha.
A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) indiciou os três policiais militares por homicídio doloso (quando há intenção de matar), envolvidos na operação que resultou na morte de Nadinho. De acordo com a Corregedoria da Polícia Militar da Bahia, os militares já eram alvo de um inquérito instaurado em junho deste ano. O órgão alega ainda que a versão apresentada pelos PMs no momento do crime é de que o artista plástico estaria portando um objeto não identificado, semelhante a uma arma, que resultou no confronto dos agentes que efetuaram os disparos. “Vamos aguardar o desenrolar da instrução probatória. A verdade dos fatos processual vai aparecer. Temos os réus que não têm mácula, seja disciplinar ou na esfera criminal, não têm antecedentes criminais, jamais participaram de qualquer ocorrência que tivesse desaguado em um resultado como esse eles”, disse o advogado de defesa dos policiais militares, Ivan Jelzer.
A família alega que Nadinho nunca portou arma de fogo e o único objeto que apresentava no momento da ação foi um pincel. “Tinha a opção de falar na frente deles ou não. Preferi falar na frente deles, porque preciso que eles entendam o que eles fizeram com o despreparo deles, precisam entender que não é assim que se age”, ressaltou Márcia Cristina.
O inquérito foi instaurado pela corporação no dia 21 de abril e concluído pela Corregedoria da PM no dia 20 de junho. Os agentes envolvidos na ação responderão a Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e poderão ser expulsos da corporação. O inquérito envolvendo os três agentes militares, que eram lotados na 10ª Companhia Independente da Polícia Militar (10ª CIPM| Candeias) é investigado pela 8° Promotoria Criminal de Justiça Militar do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).