O governo francês anunciou a construção de uma nova prisão de segurança máxima na Guiana Francesa, seu território ultramarino na América do Sul. A unidade será destinada a abrigar traficantes de drogas de alta periculosidade e radicais islâmicos. O anúncio foi feito pelo ministro da Justiça da França, Gérald Darmanin, no último sábado (18), durante visita à região.
Avaliada em € 400 milhões (aproximadamente R$ 2,5 bilhões), a instalação será erguida em uma área isolada da selva amazônica, nos arredores de Saint-Laurent-du-Maroni, e deve ser inaugurada até 2028. A prisão terá capacidade para 500 detentos e contará com uma ala dedicada exclusivamente aos presos considerados mais perigosos.
“Decidi estabelecer a terceira prisão de segurança máxima da França na Guiana. Um regime prisional extremamente rigoroso e um objetivo: colocar os traficantes de drogas mais perigosos fora de circulação”, declarou Darmanin em entrevista ao Le Journal du Dimanche.
Segundo o ministro, a prisão pretende atingir o crime organizado “em todos os níveis” da cadeia de fornecimento de drogas e interromper o contato dos chefes de facções com suas redes criminosas. “Os traficantes não poderão mais ter contato com suas redes criminosas”, garantiu Darmanin.
O anúncio ocorre em um contexto de crescente violência relacionada ao crime organizado nas penitenciárias francesas. Nos últimos meses, veículos foram incendiados próximos a presídios e a prisão de La Farlede, em Toulon, foi atacada a tiros. Darmanin classificou tais episódios como “incidentes terroristas”.
Como parte de uma resposta mais ampla, o governo francês também anunciou novas legislações para o combate ao crime organizado, que incluem: Criação de um departamento especial no Ministério Público; expansão dos poderes investigativos; proteção especial para delatores; construção de mais presídios com regras rígidas de visitação e comunicação externa.
A escolha da Guiana Francesa tem motivação estratégica. Localizada na fronteira com o Brasil e o Suriname, a região é considerada uma importante rota do tráfico internacional de drogas. A nova prisão busca impedir que criminosos atuem mesmo de dentro do sistema carcerário, isolando-os fisicamente de suas redes.
Historicamente, Saint-Laurent-du-Maroni já foi sede de uma colônia penal, famosa por abrigar a temida Ilha do Diabo, retratada no livro Papillon, de Henri Charrière. Entre 1852 e 1954, cerca de 70 mil condenados passaram pelo local.
A Guiana Francesa é parte integral do território francês, o que significa que seus habitantes são cidadãos franceses com plenos direitos civis, incluindo participação nas eleições e acesso aos benefícios do sistema social francês.