Poucos dias após o escândalo envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB), a Polícia Federal (PF), sob o governo do peemedebista, reduziu a equipe destacada para a força-tarefa da Operação Lava, em Curitiba, e contingenciou 44% do orçamento de custeio previsto para 2017. Este foi o primeiro corte expressivo no efetivo de investigadores, nos três anos desde o escândalo Petrobrás, que revelou um mega esquema de cartel e corrupção.
Deflagrada em março de 2014, a Lava Jato é a maior e mais longa operação de combate à corrupção da PF. A equipe da Lava Jato, em Curitiba, era composta por nove delegados federais até o início de 2017, que atuavam exclusivamente no caso. Hoje, quatro delegados cuidam dos cerca de 180 inquéritos em andamento e a intenção é de acabar com a atuação exclusiva deles para a força-tarefa. “Será o fim da Lava Jato”, afirmou um dos membro da força-tarefa que não quis ser identificado.
O efetivo total, que chegou a ser de quase 60 policiais no início do ano – entre delegados, agentes e peritos – hoje, não passa de 40 e sem atuação exclusiva. A previsão do Orçamento da União de 2017 para o Ministério da Justiça – área em que a PF está subordinada – é de R$ 13 bilhões.
Os cortes no orçamento refletem diretamente nas apurações, pois há menos estrutura para as mega operações. Na prática, a direção-geral da PF também deixou de obrigar as superintendências regionais a liberarem policiais para atuarem na Lava Jato. “O investimento já é quase zero. O custeio é para movimentar a máquina. Vai paralisar as atividades. Em um orçamento que já é pequeno, cortar 44%, vai parar”, disse o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), delegado Carlos Eduardo Sobral.