O primeiro campeão olímpico da ginástica artística do Brasil, Arthur Zanetti, anunciou sua aposentadoria neste domingo (12). O ginasta de 33 anos comunicou a decisão em entrevista ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo, encerrando uma trajetória marcada por conquistas históricas, incluindo um ouro e uma prata olímpicos e quatro medalhas em Campeonatos Mundiais.
Zanetti justificou a decisão com uma mensagem carregada de emoção e reconhecimento pelos limites impostos pelo corpo após sucessivas lesões.
“A força que faço toda vez que subo nas argolas não é capaz de esconder minha vulnerabilidade como ser humano. Nos últimos três anos de carreira, foram cinco cirurgias que me afastaram da minha paixão. O que me doeu nunca foi a dor física. Terminar o fim da minha vida como atleta passa longe de ser um ato de desistência, mas sim um ato de respeito ao esporte que amo”, declarou o atleta em uma carta lida durante a reportagem.
Natural de São Caetano do Sul, onde nasceu em 16 de abril de 1990, Zanetti começou na ginástica artística aos sete anos e rapidamente se tornou referência na modalidade. Ele estreou na seleção brasileira adulta em 2007, marcando presença em Campeonatos Mundiais. Seu destaque internacional começou em 2011, ao conquistar a prata nas argolas nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara e no Mundial do mesmo ano.
O ponto mais alto da carreira veio em Londres-2012, quando Zanetti conquistou o ouro nas argolas, tornando-se o primeiro brasileiro a alcançar tal feito na ginástica artística. Ele voltou ao pódio olímpico no Rio-2016, com uma prata, consolidando-se como um dos maiores nomes do esporte nacional.
Apesar da vontade de competir em Paris-2024, lesões persistentes impediram sua participação em competições importantes, como os Mundiais de 2022 e 2023 e os Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023. Em entrevista, o ginasta revelou o processo doloroso de aceitar a decisão.
“Menti muito para mim. Eu vinha para o treino, fazia um dia mais forte e demorava três a quatro dias para me recuperar. Até que chegou um momento que o joelho começou a reclamar um pouco mais, o ombro também. Foi nesse dia que eu falei: vamos parar de mentir. Pela minha mente eu conseguiria continuar, mas o meu corpo não estava mais respondendo do jeito que eu queria”, finalizou.
Com um legado que inclui duas medalhas olímpicas, quatro mundiais, seis pan-americanas e oito em Jogos Sul-Americanos, Zanetti encerra sua carreira como o maior medalhista da história da ginástica artística masculina brasileira. Ele seguirá ligado ao esporte como treinador das categorias de base da Agith, clube que representou desde o início de sua carreira em São Caetano do Sul.