Hernán Diego Dirisio, apontado como dono da empresa com sede em Assunção, no Paraguai, responsável pela importação de armas que eram repassadas para facções criminosas no Brasil, foi preso pela Interpol, nesta sexta-feira (2), na Argentina.
As investigações começaram na Delegacia de Polícia em Vitória da Conquista, na Bahia, em 2020, quando dois indivíduos foram presos em flagrante com 23 pistolas de origem croata e dois fuzis com indícios de adulteração, além de munições e carregadores. Em dezembro, Brasil e Paraguai fizeram uma operação conjunta de combate ao tráfico internacional e armas.
Segundo o superintendente da PF na Bahia, Flavio Albergaria, a identificação dessas negociações era o principal desafio da apuração e as interceptações conseguiram estabelecer uma relação direta entre as facções brasileiras e os negociantes paraguaios.
No mesmo período, foram realizadas 67 apreensões nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Ceará, que totalizam 659 armas apreendidas.
Em um das conversas interceptadas, disse o delegado, um faccionado brasileiro fala da necessidade de armas de calibre mais grosso após ser ofertado a ele pistolas de calibre .380. Das cerca de 40 mil armas que a empresa paraguaia importou, a PF ainda investiga quantas vieram parar nas facções brasileiras. Desde que as investigações começaram, há três anos, a estimativa da PF é de que a empresa importou cerca de 43 mil armas para o Paraguai e movimentou R$ 1,2 bilhão.
Segundo a Polícia Federal (PF), depois que as armas importadas da Europa chegavam ao Paraguai, eram raspadas e repassadas a grupos intermediários na fronteira. Estes últimos as revendiam às principais facções criminosas do Brasil.
Após a apreensão, uma perícia da PF apontou para a importadora no Paraguai que era responsável pela compra das armas dos países europeus, Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.