A sucessão federal e estadual neste ano contará com 2,1 milhões de eleitores habilitados na faixa entre 16 e 17 anos, em todo o Brasil. O número é 50% maior do que os 1,4 milhão de adolescentes verificados em 2018 e revela o primeiro aumento neste contingente – no qual por lei o voto é facultativo – desde 2002.
Cientista político, o diretor-geral do Movimento Voto Consciente, Humberto Dantas, avalia que o principal fator para o aumento foi a mudança na forma como a Justiça Eleitoral se comunicou com os jovens neste ano. Segundo ele, antes a Justiça Eleitoral optava pela comunicação mais tradicional, com destaque para campanhas na televisão. Neste ano,o TSE ampliou a presença em meios virtuais, com o engajamento de influencers.
Dantas ressalta que, apesar de não ser a primeiro vez em que artistas se manifestam, agora artistas e influencers têm mais autonomia para pautar temas eleitorais.”A gente não está mais num mundo em que esse tipo de fala só ganha força ou só reverbera quando os grandes produtores das grandes emissoras aceitam falar desse assunto. Hoje as pessoas têm absoluta autonomia para falar de tudo que quiserem. A Anitta posta qualquer coisa na sua rede social e isso reverbera de forma significativa”, explicou.
A atriz Bruna Marquezine, a vencedora do BBB Juliette e o cantor Zeca Pagodinho também se manifestaram ao longo deste ano apoiando que os eleitores jovens tirassem título de eleitor. Até celebridades internacionais se envolveram na campanha, como Leonardo DiCaprio e Mark Ruffalo.
O movimento ganhou mais corpo em março deste ano, mês em que, segundo dados do TSE, começou um crescimento maior no número de aptos a votar dessa faixa etária. É possível que esses números também tenham sido impactados pela proximidade com a data final para tirar o documento, em 4 de maio.
Para o diretor geral do Movimento Voto Consciente, outro fator que pode ter contribuído para essa reversão é o começo mais cedo da discussão sobre a eleição presidencial, com dois pré-candidatos mais cotados — o postulante à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — concentrando grande parte dos votos em pesquisas eleitorais. “Isso mostra que a população está muito dividida entre duas propostas e universos, e talvez os jovens tenham conseguido olhar isso e estão se posicionando, seja pró Lula ou pró Bolsonaro”, comenta. Fonte: g1