A Odebrecht entregou à Operação Lava Jato um contrato com a PVR Propaganda e Marketing, controlada por Paulo Vasconcelos do Rosário Neto, marqueteiro do senador Aécio Neves (PSDB-MG), no valor de R$ 3 milhões. Segundo a empreiteira, o contrato é ‘fictício’. O documento tem nove páginas e trata de um projeto ‘a ser desenvolvido’ pela PVR com foco no ‘desenvolvimento social e a promoção da cidadania da população de Angola’. O contrato aponta que a PVR teria sido escolhida, em 2014, para ‘diversas ações e campanhas, tanto voltadas para os seus integrantes que trabalham no país, quanto direcionadas para o público local, inclusive imprensa, com o objetivo de ratificar e reforçar o seu compromisso com o desenvolvimento de Angola’. “Esse serviço não existiu, não foi feito”, afirmou o executivo Benedicto Júnior, o BJ, um dos delatores da Odebrecht. “É uma simulação de contrato.” O documento foi assinado pela Construtora Norberto Odebrecht e pela PVR em 15 de janeiro de 2014. O total foi dividido em dois pagamentos de R$ 1,5 milhão com vencimento em 15 de maio e 15 de junho daquele ano. Segundo BJ, o executivo Sérgio Luiz Neves, também da empreiteira, ‘marcou as reuniões com o Paulo Vasconcelos’ para dar início ao contrato. “Eventualmente no nosso escritório aconteciam ou no escritório da PVR, na Rua Pernambuco, para discutir o escopo, já que a gente entendia que não ia haver uma prestação de serviço à Odebrecht, ia ser simplesmente um pagamento à PVR”, disse BJ. “Depois que eu combinei com o senador, eu encaminhei o Sérgio Neves para que fizesse a tratativa com a PVR.” BJ foi questionado pelo Ministério Público Federal sobre o que teria combinado com Aécio Neves. “Nós íamos encontrar uma maneira de fazer os pagamentos à PVR e íamos discutir com ela que tipo de contrato poderíamos fazer, que eu não sabia o que ela fazia e não sabia o que ela podia ter que interessasse à Odebrecht.”
Estadão