Papa determina que mulheres também podem chefiar departamentos do Vaticano

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O papa Francisco anunciou neste sábado (19) uma mudança histórica permitindo que qualquer pessoa batizada no catolicismo, seja homem ou mulher, pode chefiar departamentos do Vaticano. Durante séculos, os cargos de chefia foram ocupados por clérigos do sexo masculino, geralmente cardeais ou bispos.

A nova constituição, que altera regras para a administração central do Vaticano, chamada de Praedicate Evangelium (pregar o evangelho), levou mais de nove anos para ser concluída. Ela foi lançada no nono aniversário da posse de Francisco e entrará em vigor em 5 de junho, substituindo o documento emitido em 1988 pelo papa João Paulo 2º.

O documento diz que “o papa, os bispos e outros ministros ordenados não são os únicos evangelizadores na Igreja”, acrescentando que homens e mulheres leigos “devem ter papéis de governo e responsabilidade” na Cúria.

A seção de princípios da constituição diz que qualquer membro dos fiéis pode chefiar um dicastério (departamento da Cúria) ou organismo se o papa decidir que são qualificados e os nomear. A constituição de 1988 afirmava que os departamentos, com poucas exceções, deveriam ser chefiados por um cardeal ou bispo e assistidos por um secretário, especialistas e administradores.

A nova constituição não faz distinção entre leigos e leigas, embora a nomeação de um leigo dependesse da “competência particular, poder de governo e função” do departamento. A constituição geral permite que os departamentos tenham suas próprias constituições internas. Pelo menos dois deles, o departamento para os bispos e o departamento para o clero, continuarão sendo chefiados por homens porque apenas homens podem ser padres na Igreja Católica, disseram especialistas.

Já o departamento para a vida consagrada, responsável pela ordem religiosa, poderá ser dirigido por uma freira no futuro, afirmaram. Em entrevista à agência de notícias Reuters em 2018, o papa revelou que havia selecionado uma mulher para chefiar um departamento econômico do Vaticano, mas ela não poderia aceitar o cargo por motivos pessoais.

A nova constituição diz que o papel dos leigos católicos no governo da Cúria é “essencial” por causa de sua familiaridade com a vida familiar e a realidade social. No ano passado, Francisco pela primeira vez nomeou uma mulher para a posição número dois no governo da Cidade do Vaticano, tornando a irmã Raffaella Petrini a mulher de mais alto escalão no menor estado do mundo. Ele também nomeou a freira italiana Irmã Alessandra Smerilli para o cargo interino de secretária do escritório de desenvolvimento do Vaticano, que lida com questões de justiça e paz.

Além disso, Francisco nomeou Nathalie Becquart, membro francês das Irmãs Missionárias Xaviere, como co-subsecretária do Sínodo dos Bispos, um departamento que prepara grandes reuniões dos bispos mundiais realizadas a cada poucos anos.

Folhapress

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