A Câmara Municipal de Candeias, cidade na Região Metropolitana a 46 km de Salvador, deu mais um ‘espetáculo’ que se assemelha a um paspalhão mexicano imitando a ‘Escolinha do Professor’ na ‘pseudo’ sessão de hoje, 22/10.
Primeiro, os trabalhos, que devem começar pelo Regimento Interno às 9h, se iniciaram às 10h22 minutos com 9 dos 17 edis no Plenário. Ou seja, não contem com pontualidade entre a maioria daqueles que o povo confiou em 2016 para ‘legislar’. Apenas a vereadora Rosana de Bobó justificou explicando que estava realizando exames médicos.
Ainda assim, depois de lida a ata da sessão de quinta-feira, 17, foi apresentada ordem do dia e o vai-e-vem de vereadores, que deveriam estar nas cadeiras para as quais, ignorando tudo o que deveria valer, apenas se iniciou.
Para não dizer que não falamos de flores – plagiando Geraldo Vandré na célebre canção música que diz “Caminhando e cantando e seguindo a canção –, um representante dos funcionários dos Correios utilizou a Tribuna para pedir apoio contra a possível privatização da empresa, especialmente à Câmara e, por extensão ao Executivo Municipal, como tem sido feito por todo Brasil reconhecendo, ainda, a queda de qualidade no serviço prestado em muitos municípios pelo país por várias razões, mas também acrescentando as dificuldades que a classe enfrenta em ruas e logradouros sem sinalização nem sequer numeração e o papel social da empresa.
Dantesco
A partir, para surpresa talvez de alguns, mas não de todos, começou o dantesco espetáculo chulo de homens e mulheres que, em campanha, prometem o céu e o mar e, depois de eleitos, sequer oferecem folha seca. Vacilam como vara verde em tempo de tempestade.
E tudo começou quando o vereador de oposição, Fernando Calmon, pediu para a usar a Tribuna, recebeu autorização, mas solicitou a presença de, pelo menos, mais um edil no Plenário onde estavam apenas 8, sem quórum para votação ou deliberação, mas que a atividade poderia continuar.
Ato continuo, a presidente Lucimeire Magalhães, suspendeu surpreendentemente os trabalhos por 5 minutos.
Ao voltar, e mais inesperadamente ainda, a presidente cancelou a sessão, num ato antidemocrático e escandalosamente menos Republicano. Eram 11h16.
Reação
Na sequência, os quatro vereadores da oposição (Arnaldo Araújo, Fernando Calmon, Jorge da JM e Mica) se levantaram. se dirigiram ao auditório e protestaram veementemente, e com palavras duras, contra a atitude da Presidência, que desrespeitou os colegas vereadores e os poucos cidadãos que ainda vão à Casa Legislativa que, segundo analistas políticos da cidade, vive a maior crise qualitativa da história com falhas e erros flagrantes na postura e condução dos trabalhos.
É bom lembrar que, na legislatura anterior, em manobra liderada pela atual secretária de Cultura e então líder do prefeito Francisco Conceição, o presidente Gil Soares se manteve no Plenário enquanto o então vereador e hoje prefeito, Pitagoras Ibiapina, fazia discurso de críticas ao então gestor. A outra a permanecer no plenário foi a vereadora Rita Loira.
Hoje, com 8 vereadores, e mais entre 4 e 6 na sala VIP, a sessão foi encerrada inexplicavelmente pela presidente.
Questionamentos
Nos bastidores, se comenta que a base – 12 vereadores mais 1 que se diz independente – estaria discutindo a aprovação do ‘Projetônico’ do Executivo que pede o injustificável empréstimo de R$ 45,5 milhões (a Prefeitura teria em caixa R$ 204 milhões) e que pode custar mais R$ 61,5 milhões só de juros ao bolso dos candeenses se a taxa for de 9% ao ano e o financiamento for por 120 meses, ou seja, o prefeito quer comprar 1 e pagar 2,3. A prestação vai custar R$ 891 mil por mês em 10 anos.
Papel da Câmara
A Câmara Municipal – um dos três Poderes da República, além do Executivo e Judiciário – tem como papéis mais importantes legislar (votar leis) e fiscalizar os atos do Executivo. Em muitos casos, se omite de ambos os deveres por interesses de ordem política e pessoal.
A Câmara custa ao candeense em torno de R$ 19 milhões ao ano. Cada vereador recebe pouco mais de salário R$ 10 mil por mês, pode nomear até 13 assessores com limite de gasto até R$ 22 mil mensalmente por gabinete. Ou seja, um vereador custa ao mês R$ 93 mil para ‘brincar de fazer graça’. É muito caro.
Fonte: Yancey Cerqueira,
Radialista DRT/BA 06



