No dia 3 de maio de 1960, o Bahia era eliminado da Copa Libertadores da América mesmo após vencer o San Lorenzo por 3 a 2, na Arena Fonte Nova. Isso porque o jogo de ida, na Argentina, terminou em 3 a 0 para o time do Papa Francisco. É no mínimo curioso que 60 anos e 40 jogos sul-americanos depois, o Esquadrão enfrentará pela segunda vez em sua história um clube argentino em partidas oficiais.
Nesta terça-feira, 24, às 19h15, na mesma Fonte Nova, o adversário é o Unión Santa Fé, uma equipe com menos tradição que o San Lorenzo e os gigantes de Buenos Aires, pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana. Tamanha é a importância dessa revanche tardia que, caso se saia vencedor dela, o Tricolor repetirá sua melhor campanha na Copa Sul-Americana. Em 2018, foi eliminado pelo Athletico-PR, nos pênaltis, nas quartas de final.
Entre épocas
Vale lembrar que, em 1960, a Copa Libertadores não tinha a mesma valia de hoje. Foi a primeira edição da história promovida pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), nomeada ‘Taça América do Sul’, com apenas sete equipes disputando – o Universitário, do Peru, desistiu da competição antes do início. O Bahia, ao sagrar-se campeão brasileiro de 1959, vencendo o Santos de Pelé, ganhou direito à vaga destinada ao Brasil. A Sul-Americana, então, só veio a ser criada em 2002.
No primeiro duelo, na Argentina, a edição do dia seguinte do A TARDE destacou a apatia da equipe baiana e a superioridade ofensiva do San Lorenzo. “Não reproduziram aquela demonstração de fibra que fizeram do Esquadrão de Aço campeão brasileiro”, diz a reportagem do jogo. Já no jogo de volta, que terminou com triunfo do Bahia, a sensação era de que o time poderia ter feito mais gols, pois colocou duas bolas seguidas na trave. “O regulamento do gol average [placar agregado] nos foi desfavorável e assim, com a batalha ganha, foi perdida a guerra”, pontuou o texto.
Em 2020, a competição secundária da América do Sul é de vital importância para o Bahia, que almeja uma grande campanha para traduzir em glória um ano para lá de inconstante. Após uma sequência de quatro triunfos consecutivos sob o comando de Mano Menezes, o Tricolor foi amassado pelo Red Bull Bragantino na última sexta-feira, tomando 4 a 0. O técnico assumiu toda a responsabilidade pela derrota, em entrevista após a partida.
No entanto, o tempo de recuperação do baque foi curto, e o Bahia vai jogar contra um adversário que já surpreendeu na competição, ao vencer o Atlético Mineiro de Jorge Sampaoli e o Emelec (EQU), tradicional equipe do continente. Além disso, a imprensa argentina considera o Unión Santa Fé favorito para o confronto, segundo a jornalista argentina Milena Portela, da Rádio Belgrano (AM 650).
Desfalques e apresentação
Para o jogo desta terça, o Bahia não terá à disposição o zagueiro Lucas Fonseca, que deixou o campo na última sexta diante do Bragantino, após lesão na coxa. A boa notícia é que o zagueiro Ernando deve estar de volta, já que participou do treino no último domingo. Ele pode ser opção para o setor, que ainda conta com Juninho e Anderson Martins.
Ainda assim, a zaga do Esquadrão tem sido um problema enfrentado por Mano Menezes. Após os quatro gols sofridos no último jogo, a defesa voltou a ser a mais vazada do Campeonato Brasileiro.
Na segunda, 23, o Bahia apresentou o atacante Gabriel Novaes, que veio por empréstimo do São Paulo. Em coletiva, o centroavante afirmou que espera ter mais oportunidades no Esquadrão de Aço. Antes de vir para o Bahia, ele estava emprestado ao Juventude, que atualmente ocupa a quarta colocação da Série B do Campeonato Brasileiro.
“O Juventude foi uma experiência boa, foi o segundo clube que joguei como profissional. Só que não tive sequência de jogos, joguei de quatro a cinco jogos, e nenhum de titular. Não consegui jogar 45 ou 90 minutos, joguei no máximo 20 minutos, 15, 10. Espero que aqui no Bahia seja diferente e eu tenha mais oportunidades para poder mostrar meu futebol”, afirmou.
*Sob supervisão do editor Daniel Dórea
