O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, negou nesta segunda-feira (25) que autoridades do regime estejam cercando a embaixada da Argentina em Caracas, após opositores asilados no local e o governo de Javier Milei denunciarem assédio contra a sede diplomática.
Seis colaboradores da líder opositora María Corina Machado estão refugiados desde março na embaixada, incluindo sua chefe de campanha, Magalli Meda.
“Javier Milei é o fascista que governa a Argentina. Eu não sei o que ele chama de assédio na sua embaixada, realmente desconheço do que nos acusa”, disse Diosdado em entrevista coletiva.
No sábado (23), o ministério das Relações Exteriores da Argentina denunciou “atos de assédio e intimidação” contra sua embaixada e exigiu que a Venezuela emita “os salvo-condutos necessários” para que os opositores refugiados na sede diplomática possam deixar o país.
“O uso de efetivos armados, o fechamento de ruas ao redor da nossa embaixada e outras manobras constituem uma perturbação da segurança”, disse em comunicado a diplomacia argentina, que também denunciou cortes de eletricidade.
“Que paguem a luz, que paguem os serviços, nós não vamos dar nada de graça”, ironizou Cabello.
“Acabou a impunidade para a terrorista María Corina, para os terroristas que a acompanham, para os que andam gerando violência, para os que pedem sanções [dos Estados Unidos contra a Venezuela]”, disse ele.
A oposição sustenta que Edmundo González, exilado na Espanha após uma ordem de prisão contra ele, venceu as eleições —ele substituiu Corina nas urnas depois que ela foi declarada inelegível pelo regime.
Argentina e Brasil não se comunicaram sobre o cerco de agentes da Venezuela à embaixada argentina em Caracas, que está sob os cuidados do Brasil desde que há quatro meses a equipe diplomática da representação foi expulsa do país.
Em setembro, forças da Venezuela cercaram a embaixada, com patrulhas da agência de inteligência venezuelana e da polícia. Além disso, agentes do regime estabeleceram à época, nos arredores do prédio, um posto de controle para verificar a identidade dos passantes.
O local está sob custódia do Brasil desde 5 de agosto, quando a ditadura chavista expulsou de sua capital os diplomatas de Buenos Aires. As tensões diplomáticas entre o regime e os países vizinhos se acirraram após as eleições presidenciais que deram um novo mandato a Nicolás Maduro no final de julho, em meio a acusações de fraude.
O cerco realizado há mais de dois meses foi definidor para a decisão de González de exilar-se na Espanha, como os relatos posteriores demonstraram. A nova ação ocorre poucos dias após o regime anunciar nova investigação contra María Corina, pelos supostos crimes de traição à pátria e conspiração.
Folhapress