Hoje (02) é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, a data foi estabelecida em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo da celebração visa promover ativamente a conscientização e reduzir os estigmas e preconceitos que acometem as pessoas que vivem com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
No Brasil ainda não existem dados específicos que categorizam o número de autistas, porém, com base em um estudo realizado pelo CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos que mapeou que até 2% da população mundial tem o distúrbio, pode-se estimar, que cerca de 2 milhões de pessoas vivem com o TEA em território brasileiro.
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que causa alguns prejuízos significativos na vida do sujeito no ponto de vista acadêmico, emocional e social. Pode também estar associado a uma condição médica ou genética. Dentro do espectro do autismo, existem três níveis de suporte: nível 1 (leve), nível 2 (moderado) e nível 3 (severo).
Para falar sobre o assunto, a neuropediatra Fernanda Dubourg, especialista em desenvolvimento do sono, participou do quadro “Momento do especialista” durante o programa “Fala Comigo” desta terça-feira (2). A médica começou sua fala explicando sobre os sinais mais comuns do TEA.
“Desde bebê, a gente vai ficar atento à pobreza dessa interação social, então uma criança que tem pouca iniciativa comunicativa, às vezes uma criancinha menorzinha que busca brincar menos, não responde ao chamado do nome, muitas vezes não consegue manter ali uma interação, uma sustentação do contato visual. O grande desafio é que a gente tem uma variabilidade de características dentro dessas que citei, porque às vezes são sinais mais sutis, que podem passar um pouco mais despercebidos, e às vezes são sintomas muito intensos”
Outros transtornos podem ser confundidos com o TEA, por isso, a atenção e o diagnóstico são ações necessárias para não se ter dúvidas.
“Quando nós falamos de transtornos do neurodesenvolvimento, no capítulo do DSM-5, a gente tem transtornos da linguagem, transtornos motores, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtornos específicos da aprendizagem, dislexia… E é muito frequente que você tenha mais de um transtorno associado ao TEA”, disse Dubourg.
A importância da conscientização
Além do dia Mundial da Conscientização do Autismo, existem leis ativas no Brasil que os beneficiam, uma destas é a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, conhecida popularmente como Lei Berenice Piana, criada em 2012, que garante aos autistas o diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além do acesso à educação, proteção social e trabalho.
A política nacional de desenvolvimento também considera o autismo uma pessoa com deficiência. Em 2020, foi estabelecida a Lei Romeo Mion, criando a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), que pode ser emitida gratuitamente por estados e municípios.
“Não basta ter a lei, a gente precisa do respeito e da execução desta lei, com a garantia da educação, da saúde, dos espaços, do respeito. A gente precisa falar de autismo na escola, precisa falar de autismo em todas as secretarias, seja ela de turismo, de trânsito…então a gente precisa falar de autismo em todos os lugares, porque eles ocupam todos os espaços. Esse dia é um dia extremamente importante, mas não deve se resumir ao dia 2, a gente precisa falar disso todos os dias e continuar avançando na compreensão e na inclusão social dessas pessoas”, afirmou a médica.