EUA e Coreia do Sul respondem à pacto de Putin e Kim Jong-Un com exercício militar

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Os Estados Unidos e a Coreia do Sul responderam à viagem de Vladimir Putin a Pyongyang, onde o presidente russo assinou um pacto de defesa mútua com a ditadura de Kim Jong-un na quarta (19), com um exercício militar de suas forças aéreas. O exército americano realizou disparos no mar Amarelo, localizado entre a China e a península das Coreias. Outros exercícios ocorreram em todo o território sul-coreano, planejados como sinal à presença de Putin, mesmo antes do anúncio do pacto.

Segundo matéria da Folha de São Paulo, as manobras ocorrem enquanto Putin promove um grande exercício aeronaval em torno da península coreana e do Japão, envolvendo 40 navios e 20 aviões da Frota do Pacífico, baseada em Vladivostok. O governo sul-coreano criticou duramente em nota, nesta quinta-feira (20), e declarou que considera agora o envio de armamentos para a Ucrânia, algo que relutava em fazer.

“O governo enfatiza claramente que qualquer cooperação que ajude a Coreia do Norte a aumentar seu poder militar, direta ou indiretamente, é uma violação de resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, afirmou a Presidência.

A nota aponta diretamente à Russia, que como membro permanente do órgão máximo das Nações Unidas, aprovou nove resoluções com sanções aos norte-coreanos de 2006 a 2017. E o fez em conjunto com a aliada China, também próxima de Pyongyang, e as potências ocidentais. Putin deixa isso de lado agora. O pacto, cujo texto foi divulgado nesta quinta, prevê assistência militar mútua em caso de invasão, além de falar de cooperação militar, espacial, na área alimentar e de energia nuclear.

Putin acenou ainda para a possibilidade de fornecer armas e tecnologia bélica para a Coreia do Norte contra os EUA, como uma forma de retribuição pelo fato de Washington e seus aliados terem autorizado o emprego de seus armamentos cedidos a Kiev contra o território russo. Analistas apontam que uma ação desse tipo escalaria ainda mais a ajuda oferecida pela Russia ao programa nuclear de Pyongyang. O salto demonstrado por Kim em 2017, quando testou um míssil balístico intercontinental capaz de atingir os EUA, só foi possível pela adoção de motores de desenho russo.

O senso comum em Moscou é de que Putin busca munição extra, mais simples, para emprego na Ucrânia. Ambos os países usam o padrão soviético de artilharia de campo, de 152 mm, e destroços de mísseis balísticos de curto alcance norte-coreanos já foram encontrados no país invadido em 2022 após os líderes terem se reunido na Rússia no ano passado. A proteção prometida por Putin eleva os riscos de entrechoques na península coreana, lar de quase 25 mil soldados americanos, e muda o balanço de poder e cálculos militares em toda a região.

A China, por sua vez, segue calada sobre o pacto, cuja magnitude faz crer que Pequim havia sido informada de sua existência. O país sempre foi a fiador econômico de Pyongyang, a defende retoricamente, mas tem feito acenos a Seul, montando um grupo de trabalho sobre segurança com os sul-coreanos que estava reunido quando Putin visitou a ditadura comunista. Após a visita à Coreia do Norte, o russo foi ao Vietnã, país que tem mantido uma posição equidistante nos embates geopolíticos, tendo recebido recentemente em visitas de Estado o americano Joe Biden e o chinês Xi Jinping.

Em Hanói, Putin agradeceu a posição dos anfitriões no cenário internacional —os vietnamitas se abstiveram de condenar a Rússia em duas votações sobre a guerra na ONU e não participaram da conferência de paz promovida pela Suíça no fim de semana passado. Ele enfatizou os laços econômicos que mantem com o país, onde diversas empresas russas atuam com projetos. Ele afirmou ao premiê Pham Minh Chinh a disposição de estabelecer uma linha de suprimento de gás natural liquefeito para o país, buscando mais um mercado para substituir aqueles perdidos na Europa devido à guerra. Do ponto de vista político, Putin sinaliza assim que não está tão isolado do mundo quanto o Ocidente, com suas sanções, gostaria. Diferentemente da Coreia do Norte, o país está integrado à economia mundial —suas exportações desde que empresas chinesas transferiram linhas de produção para lá quase duplicaram em proporção do PIB.

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