Onze pessoas foram baleadas durante confronto numa festa paredão, no bairro da Liberdade, na noite deste sábado (14). A informação foi confirmada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Entre as vítimas estão uma criança de 11 anos e dois adolescentes – de 13 e 17.
O palco do paredão estava montado entre a Rua da Mangueira e a Avenida Peixe. Segundo a SSP, houve confronto entre integrantes de duas facções rivais. Cerca de 10 homens chegaram na lateral do palco e iniciaram os disparos, iniciando o tiroteio.
“Só ouvi os ‘pipocos’. ‘Pow, pow, pow’. Na minha contagem, foram mais de 70 tiros. Depois, não dava mais para contar. Choveu tiro”, contou, ao CORREIO, um morador da Liberdade que preferiu não se identificar, na manhã deste domingo (15).
Unidades da Operação Gêmeos da Polícia Miliatar chegaram em seguida ao confronto armado e ajudaram no salvamento de vítimas. Mas os criminosos já haviam fugido. Ninguém foi preso.
A polícia acredita que a ação foi motivada pela briga entre quadrilhas que atuam na região. O caso é investigado pela 2ª Delegacia (Lapinha).
Feridos
Foram socorridos para o Hospital Ernesto Simões Filho: Alaíde Nunes da Silva, 49 anos, Paulo César Soares Fiaz, 55, Luzival Assunção de Jesus, 26, Danilo Marcondes Dener Santos, 30, uma criança de 11 anos e um adolescente de 13.
Já no Hospital Geral do Estado (HGE) deram entrada Jeferson Oliveira Carvalho Santos, 31, Everton Vinicius Filgueiras Rosa, 18, um homem de prenome Silvio, 40, e um jovem de 17 anos.
Fábio Borges Santos, 29, foi levado para o Hospital Roberto Santos e depois transferido para o HGE.
Silêncio
No dia seguinte ao atentado, o clima no bairro é de silêncio. Moradores preferiam não comentar a situação hoje. Outro homem também afirmou ter ouvido muitos tiros. “Só Deus sabe quantos foram. Mas aqui é a lei da sobrevivência: a gente vê muito e fala pouco”.
Um jovem contou que conhecia pessoas que foram à festa. “Meu primo de 17 anos foi. Ele disse que teve muito pânico, correria. Não soube dizer de onde vieram os tiros, porque correu pra casa quando ouviu”, explicou.
Com medo, uma moradora disse que tem ficado em casa para fugir de situações assim. “Antigamente, eu ficava me tremendo. Tenho medo, mas agora só fico em casa. Já estamos até acostumados com isso, infelizmente”.
Denúncia
Após denúncias da população, ainda na noite de ontem, a SSP afirmou que outra festa paredão foi impedida por policiais da 37ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Liberdade) no Curuzu. “Recebemos informações de que um evento parecido estava programado para o Curuzu e mandamos equipes a tempo de impedir”, disse o comandante da Região Integrada de Segurança Pública Baía de Todos os Santos, coronel Valter Menezes.
O comandante da 37ª CIPM, major Ricardo Silva, fez uma apelo à população para que denuncie este tipo de evento à unidade. “Já que não há ação municipal que impeça este tipo de festa irregular, precisamos contar com o apoio dos moradores, informando data e local, para que possamos agir de forma preventiva”, destacou, chamando atenção sobre a presença de crianças e adolescentes nestes eventos e do consumo de drogas.
Ocupação
O bairro da Liberdade foi um dos ocupados por forças policiais no final de agosto – a ocupação ocorreu após ataques a ônibus na capital. À época, policiais de oito grupamentos especiais das polícias civil e militar da Bahia ocuparam as regiões dos bairros do IAPI, Pero Vaz, Santa Mônica, Liberdade e Calçada.