Portugal deveria se desculpar e assumir sua responsabilidade pelo comércio transatlântico de escravizados, afirmou nesta terça-feira (25) o presidente do país, Marcelo Rebelo de Sousa —o primeiro líder de uma nação do sul da Europa a sugerir tal atitude.
Do século 15 ao 19, seis milhões de africanos foram sequestrados, transportados à força em navios portugueses e vendidos como escravos, principalmente para o Brasil, em um negócio extremamente lucrativo para a nação europeia.
Até agora, porém, Portugal raramente comentou sobre o assunto, e pouco se ensina nas escolas lusitanas sobre o papel do país na escravidão —ao contrário, a era colonial, que sujeitou territórios de Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde, Timor-Leste e Índia ao domínio português, é frequentemente recordada com orgulho pela maioria da população.
Sem dar detalhes, Rebelo disse que o país deveria ir além de apenas um pedido de desculpas. O presidente abordou o assunto na comemoração anual da Revolução dos Cravos de 1974, que derrubou a ditadura do país.
“Pedir desculpas às vezes é a coisa mais fácil de fazer. Você pede desculpas, vira as costas e o trabalho está feito”, disse ele. O país, continuou, deveria “assumir a responsabilidade” por seu passado para construir um futuro melhor. As considerações foram feitas após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).



