Após a divulgação da decisão do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) em manter as taxas de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, o presidente Donald Trump criticou a atuação da instituição nas redes sociais, dizendo que o Fed “fez um péssimo trabalho de regulação”.
Na rede social Truth Social, fundada pelo republicano, Trump disse que o Fed e seu presidente, Jerome Powell, falharam em controlar a inflação. “Se o Fed tivesse gastado menos tempo em DEI [sigla em inglês para diversidade, equidade e inclusão], ideologia de gênero, energia “verde” e mudanças climáticas falsas, a inflação nunca teria sido um problema”, diz parte da publicação.
O presidente completa o post prometendo resolver a situação. “Como Jay Powell e o Fed falharam em parar o problema que criaram com a inflação, eu farei isso liberando a produção de energia americana, cortando regulamentações, reequilibrando o comércio internacional e reacendendo a manufatura americana”.
Trump já havia criticado o Fed e seu presidente pelo aumento das taxas de juros durante seu primeiro mandato. Os comentários retornaram durante a campanha presidencial de 2024.
Na primeira semana do segundo mandato, retomou as críticas e pediu a redução da taxa de juros. “Eu acho que conheço as taxas de juros muito melhor do que eles, e acho que as conheço certamente muito melhor do que o principal encarregado de tomar essa decisão. Eu gostaria de ver [as taxas de juros] caírem muito”, disse o presidente.
A decisão desta quarta-feira (29), no entanto, não atendeu aos pedidos de Trump. Em coletiva de imprensa após a decisão, Powell disse que as autoridades “não precisam ter pressa para ajustar postura” e que a política monetária está “bem posicionada”.
Ele observou que há riscos em cortar as taxas de forma muito agressiva, dizendo saber que “reduzir a restrição política muito rápido ou em excesso pode prejudicar o progresso na inflação”. Powell evitou comentários sobre as falas do republicano a respeito da redução de juros.
Os ataques de Trump no primeiro mandato romperam com décadas de discrição por parte de mandatários, que evitavam críticas diretas. A gestão de Powell, indicado inicialmente pelo republicano e depois mantido por Joe Biden, termina em 2026.
Trump afirmou no ano passado que não iria destituir Powell do cargo antes do fim de seu mandato. O chefe do BC americano, por sua vez, já disse que não renunciaria à pedido do presidente.
Para analistas, Powell terá que resistir à pressão da Casa Branca se quiser manter a confiança dos mercados e evitar desencadear uma nova onda de inflação.
“Agora que Trump tem pedido de forma bastante vocal por taxas de juros mais baixas, se o Fed afrouxar a política monetária, criará a impressão de que cederam a ele e renunciaram à sua independência”, disse Isabella Weber, economista da Universidade de Massachusetts Amherst.
Folhapress