As candidaturas autodeclaradas negras superam as brancas em termos proporcionais. Números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que 188 mil candidatos pardos e 51,7 mil pretos estão se preparando para concorrer nas eleições deste ano, totalizando 239,7 mil inscrições, o que equivale a 52,7% do total.
A representatividade racial, no entanto, apresenta variações conforme o cargo. No caso das candidaturas a prefeito, 61,9% dos postulantes são brancos, enquanto 37,2% se identificam como negros. Para as vagas de vice-prefeito, a situação é semelhante, com 57,7% de brancos e 40,9% de negros.
No Legislativo municipal, a situação se inverte, com os negros representando 53,7% dos 454 mil candidatos. Essas candidaturas refletem mais de perto a composição racial do Brasil, onde, segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 55,5% da população se autodeclara negra e 43,4% branca.
A análise das candidaturas também revela que, entre os candidatos negros, a maioria é masculina, com uma proporção de duas candidaturas masculinas para cada uma feminina. A desigualdade na representatividade de candidatos negros é evidente em 16 dos 26 estados brasileiros, com destaque para Santa Catarina e São Paulo, onde a quantidade de candidatos negros é inferior à proporção da população que se declara negra.
O primeiro turno das eleições está agendado para o dia 6 de outubro de 2024. A predominância de candidatos brancos no Executivo e negros no Legislativo já havia sido observada nas eleições de 2020, quando 62,9% dos candidatos a prefeito eram brancos.
Desde 2014, o TSE começou a coletar dados sobre a raça dos candidatos. Para as eleições deste ano, foram discutidas estratégias para evitar fraudes na autodeclaração. A maioria dos candidatos negros se encontra em 26 dos 29 partidos, com o PCdoB liderando com 72,2% de inscritos autodeclarados negros. Apenas três partidos, Novo, PL e PP, têm mais candidatos brancos do que negros.