O rendimento médio mensal real de todas as fontes da população com algum rendimento na Bahia ficou em R$ 1.806 em 2023. Frente ao valor de 2022, quando essa renda média alcançou R$ 1.742, houve um aumento de 3,7%. A alta deste ano foi puxada pelos salários (+7,2%), que voltaram a crescer após dois anos em queda
O avanço foi o segundo consecutivo registrado no período, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (19) pelo IBGE e compilados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).
De acordo com o levantamento, a renda média total do estado no ano passado ainda estava 9,6% abaixo da verificada em 2020 (R$ 1.998) —ponto mais alto da série histórica.
Além disso, mesmo com o aumento da renda média total entre 2022 e 2023, a Bahia caiu mais uma posição no ranking nacional para esse indicador. Em 2022, o estado tinha o 3o menor rendimento médio de todas as fontes, entre as 27 unidades da Federação. Já no ano seguinte passou a apresentar o 2º menor do país, ultrapassada por Alagoas (R$ 1.839), e ficando acima apenas do Maranhão (R$ 1.730).
O rendimento médio mensal real de todas as fontes engloba o salário (rendimento de trabalho) e outras fontes de renda, como aposentadorias, aluguéis, aplicações financeiras, pensões, doações e programas sociais ou auxílios diversos pagos pelo governo. Ele é “real” pois sua série de valores é “inflacionada”, ou seja, considera os efeitos da inflação.
Em 2023, o valor da renda média de todas as fontes na Bahia (R$ 1.806) representava menos que 2/3 da registrada no Brasil como um todo (R$ 2.846). No país, também houve aumento desse valor frente a 2022 (+7,5%), sendo o maior resultado desde 2014, quando o rendimento havia sido de R$ 2.850.
De 2022 para 2023, 26 dos 27 estados tiveram aumentos do rendimento médio de todas as fontes, com destaque para Piauí (+13,9%), Minas Gerais (+13,9%) e Goiás (+13,8%). Sergipe (-1,6%) foi o único a registrar queda.
Com aumento mais intenso entre os que ganham mais, desigualdade salarial volta a crescer
Entre 2022 e 2023, o rendimento médio real dos trabalhadores baianos cresceu para quase todas as faixas de recebimento, mas com maior intensidade entre os que ganhavam mais. Por isso, a desigualdade salarial voltou a crescer no estado, após dois anos em queda.
Na esteira desse movimento, também aumentou a desigualdade salarial por sexo. Porém, as desigualdades por cor ou raça diminuíram.
No ano passado, os 10% de trabalhadores com os menores salários médios, que representavam um grupo de 592 mil pessoas, tiveram uma variação salarial positiva muito discreta, de 0,6%, passando de R$ 176 para R$ 177 por mês.
Para a metade (50%) dos trabalhadores com menores rendimentos (2,958 milhões de pessoas), o salário médio teve um aumento de 2,2%, de R$ 704, em 2022, para R$ 719 em 2023. Desse grupo em diante, os aumentos foram mais significativos e se intensificavam conforme aumentava o salário médio.
Os crescimentos chegaram a 13,9% entre os 10% de trabalhadores com maiores rendimentos (592 mil pessoas, cujo salário médio real aumentou de R$ 6.655 para R$ 7.578, entre 2022 e 2023) e a 23,4% para o 1% com maiores salários (59 mil pessoas, que passaram de um rendimento de R$ 16.401 para R$ 20.236).
Assim, em 2023, o Índice de Gini do rendimento habitualmente recebido por todos os trabalhos na Bahia voltou a crescer, passando de 0,476 em 2022, o 14º mais elevado do país, para 0,500, o 8º maior entre as 27 unidades da Federação.