Na última sexta-feira, China e Holanda se enfrentaram pela fase final do Grand Prix. Uma vitória asiática classificaria o Brasil para a semifinal, um triunfo holandês eliminava as chances verde-amarelas. O placar apontava 14 a 10 para as europeias no tie-break, ou seja, tinham quatro chances de fechar o jogo e, por consequência, tirar o Brasil do torneio. Empurrada pela torcida, as chinesas salvaram quatro match points seguidos, viraram a partida, se classificaram em primeiro e levaram a seleção junto. No dia seguinte, as comandadas de José Roberto Guimarães bateram as vice-campeãs olímpicas sérvias na semi e, no domingo, derrotaram a Itália para levar o 12º título da história do país no Grand Prix. Para o técnico, a mais complicada conquista:
– Esse é nono Grand Prix que eu ganho frente a seleção, foi o mais complicado de todos, em termos de logística, dos jogos, quase fomos desclassificados. Nós passamos por perrengues, por dificuldades e levamos o título. Todas as adversidades fazem parte. Esse sofrimento, a gente pede para ser sem sofrimento, mas não tem jeito. Duas vezes quase que saímos da competição. Com a tabela, enfrentamos primeiro a China, aí a China ajudou, porque ganhou da Holanda – disse José Roberto , que tem nove títulos na competição, já que assumiu o time em 2003.
Mas a história de China X Holanda não foi a primeira grande dificuldade. A seleção brasileira não pôde contar na competição com Gabi, líder desta geração, e Leia, líbero na Olimpíada, machucadas. Campeãs olímpicas, Thaisa, Fê Garay, Fabiana, Jaqueline, Dani Lins e Sheilla, pelos mais variados motivos, não estiveram com a seleção. Ou seja, José Roberto teve que implementar uma renovação, algo que não fazia com o time desde 2005.
A primeira fase brasileira foi de altos e baixos. Apesar de triunfos sobre Sérvia, Bélgica e Turquia, o time caiu para Tailândia, Japão e para a própria Sérvia e ficou dependendo de três triunfos no fim de semana que seria jogado em Cuiabá (MT). Mesmo com todos os desfalques, o time conseguiu as três vitórias necessárias: 3 a 0 na Bélgica, 3 a 1 na Holanda e 3 a 1 nos EUA.
Três jogadoras tiveram um papel fundamental na reviravolta, principalmente a partir da fase final: Natália, Tandara e Bia. Tandara era a bola de segurança. Ponto decisivo? Bola nela. Natália foi crescendo jogo a jogo, acertou o passe, muito deficiente nas primeiras rodadas, e foi eleita a melhor atleta da competição. Por fim, Bia, a grande revelação da competição, essencial na vitória contra a Holanda.
– Era importante para esse grupo jogar contra esses jogadoras da Holanda, China, Sérvia e Itália, para entenderem como é esse mundo internacional, que é diferente da Superliga. Todas jogadoras podem entrar a qualquer momento e virar o jogo, mudar o contexto. Isso a gente viu. Quem estava no banco deu energia nova para o time – disse José Roberto.
Agora o desafio da seleção brasileira é o Campeonato Sul-Americano, ainda esse mês, que vale vaga no Campeonato Mundial do ano que vem. Se no torneio continental, a hegemonia é antiga, o Mundial é um título que o Brasil ainda não tem, foi vice-campeão em 1994, 2006 e 2010.