O Nordeste voltou a ser a região mais afetada por uma nova tesourada no Bolsa Família. Reportagem publicada nesta sexta-feira (20) pelo portal UOL revela que, dos 158,4 mil benefícios a menos em março, 96.861 (ou 61,1% do total) foram retirados justamente da região que responde por metade dos benefícios totais do país.
Ao contrário da promessa de ampliar o programa em meio à crise social gerada pela doença Covid-19, o governo federal cortou o total de 158.452 bolsas.
Segundo a reportagem, em janeiro, entre famílias que ingressaram no programa, apenas 3% eram do Nordeste, o que gerou uma série de críticas.
O número de beneficiários é o menor do governo Jair Bolsonaro (sem partido) e o menor desde maio de 2017, quando o Bolsa Família teve o maior corte da história do programa — 543 mil bolsas foram retiradas.
‘Emancipação dos beneficiários’
Em resposta ao portal UOL, o Ministério da Cidadania justificou que a redução do benefício ocorreu porque novas 185 mil famílias ingressaram no programa, mas 330 mil “se emanciparam” por apresentarem evolução nas condições financeiras, “ou seja, superaram as condições necessárias para a manutenção do benefício”.
“É importante destacar ainda que os cancelamentos estão relacionados aos procedimentos rotineiros de averiguação e revisão cadastrais”, diz a pasta.
O Bolsa Família atende famílias que vivem em situação de extrema pobreza, com renda per capita de até R$ 89 mensais, e de pobreza, com renda entre R$ 89,01 e R$ 178 mensais. Se a renda per capita for maior do que isso, a família é retirada do programa.
Ainda segundo a pasta, “vale lembrar que o número de beneficiários flutua a cada mês em virtude dos processos de inclusão, exclusão e manutenção de famílias”.